terça-feira, 22 de janeiro de 2013

10 Guitarristas de Blues que você devia conhecer!

Bom pessoal, guitarrista que gosta de Blues não pode ficar só nas músicas do BB.King ou Eric Clapton, se liga meu velho! Nada contra o Rei, inclusive estou agora escutando The Trill is Gone, mas B.B King meio que é porta de entrada para o mundo do Blues (pelo menos aqui no Brasil), então não vale conhecer só ele. Eric Clapton: mesma história. O nome dele circula que nem cheque de terceiros.


Só pra constar, antes que alguém entenda errado e pense que estou rebaixando os dois guitarristas, saibam que ambos estão na minha lista e por eles tenho imenso respeito.

Não vou ficar falando aqui da biografia ou discografia de cada um, pois afinal, essas informações devem ter de sobra na internet. Minha intenção é mais fazer um apanhado de alguns nomes e dar um guia pra quem tá começando a curtir Blues agora.

Vamos lá então. Para acabar logo com as polêmicas encabeçando a lista não poderia vir ninguém mais, ninguém menos do que o mestre B.B.King. Pegue sua poltrona, sua guitarra e como diria o bom John Lee Hooker "one bourbon, one scotch, one beer".

B.B King:


O vídeo acima é da música The Thrill is Gone.

Tá certo, essa talvez seja uma das músicas mais manjadas do Rei, mas mostra nitidamente o seu estilo de poucas notas e muita mensagem. Sabe aquele lance dos Beatles de tocar uma notinha apenas, mas que dava todo um clima na música. Então, é esse o estilo do Rei.

E para quem achar que isso o que ele faz é muito pouco, tente imaginar por que vários feras do Blues o respeitam. Simples! é porque ele é tipo aquele avozinho que jogou a semente na terra, cultivou as primeiras lavouras e depois quando o neto já formado em Agronomia vai cuidar da propriedade da família ele só fica lá de boa na varanda pensando: tudo isso aqui fui eu quem fiz.




John Lee Hooker


Pelo menos duas músicas você precisa conhecer desse mestre na arte do Blues: "One bourbon, one scotch and one beer" e "boom boom". Duas obras primas quando a vertente é um Blues dançante e suingado. Além do seu jeito peculiar de tocar guitarra, seus vocais graves, comprimidos e aveludados tornaram suas performances especiais.

Uma das características que o tornaram único no Blues foi a maneira como ele era capaz de desenvolver uma rítmica em função da linha vocal, e não o contrário. Hooker ainda ficou conhecido pelas levadas boogie que imprimia na sua guitarra rítmica.

Robert Johnson


Esse cara simplesmente não poderia ficar de fora dessa lista. Sua biografia contempla sua grande influência no estilo de tocar que ficou conhecido como Delta Blues em que era comum o uso das afinações de Sol e Ré aberto. Músicas nesse estilo de Blues são aquelas em que você geralmente vai ouvir licks feitos com slide e tocadas diretamente num violão comum e muitas vezes num violão dobro. Entre suas músicas, podemos citar a tão famosa e inúmeras vezes regravada e executada por diversos artistas do mundo do blues "sweet home chicago".

Envolvendo a história de Robert, ainda tem a lenda da encruzilhada (que inclusive foi retratada no filme Crossroads) que tem entre os atores o antigo carinha do Karatê Kid ("Daniel San") e o Steve Vai, e as várias lendas criadas em torno de sua morte.


Stevie Ray Vaughan


Nem precisa de muitos comentários (pra quem já conhece). Mas pra quem ainda não conhece, corre que ainda dá tempo. Ao ver a cara dele no início do vídeo (o de chapéu) você pode pensar: mais um cara branco tentando tocar Blues.

Mas na verdade esse cara foi um marco na história do Blues. Talvez o mais forte representante do Blues do Texas, a grande sacada desse gigante da guitarra foi criar um estilo de tocar em que a pegada forte na palhetada não permite dúvidas quanto à força e à energia que sua música transmite. Se não estou enganado (veja bem o que eu disse) se não estou enganado, SRV usava também calibre de cordas 0.13. Além disso, seu som ficou marcado pelo uso do famoso pedal de overdrive Tubescreamer 808, além do amplificador Fender Bassman.

Uma das características marcantes do estilo SRV de tocar Blues foram as suas palhetadas cheias e raivosas nas 6 cordas, tocando as notas desejadas enquanto abafava as outras cordas. Então, se vai se aventurar a tentar tocar SRV, lembre-se: é bom usar cordas de calibre espesso, e também saber abafar bem as cordas, caso contrário, você não soará, nem de longe, perto do que ele conseguia fazer.

Buddy Guy




Não vou falar muito sobre esse grande bluesman, mas quem buscar conhecer melhor seu trabalho entenderá muito bem ouvindo tudo que eu poderia dizer. Vou me limitar em dizer que esse foi um dos grandes representantes do Chicago Blues e que tem um vocal cheio e marcante, além de solos e arranjos de guitarra que são capazes de fazer uma ponte muito forte entre o lado mais tradicional e o lado mais rock do Blues.

T-Bone Walker



Particularmente, não posso afirmar que conheço o trabalho de T-Bone Walker. Mas, mesmo assim, eu não poderia deixá-lo de fora desta lista. Primeiramente porque ele soa de um modo particular, com um fraseado meio jazzy e segundo, porque seu nome é muito citado como forte influência de artistas como Jimi Hendrix, Chuck Berry e B.B King.

Como não sou profundo conhecedor do seu som, prefiro deixar aqui só a fagulha. Que a gasolina fique por conta dos nobres leitores.

Quem quiser conhecer mais sobre T-Bone Walker, sugiro o seguinte link: T-Bone Walker - biografia.

Eric Clapton


O trabalho do mestre Eric é inegável. Esse bluesman já gravou álbuns de Blues, de Rock n' Roll (com o Cream, Derek and the Dominos) e de Pop, todos com muita qualidade. Além disso, esse cara já fez participações com inúmeros artistas do universo do blues e também de outros universos, só pra citar alguns: Beatles, Paul McCartney, Sonny Boy Williansom and the Yardbirds, Sheryl Crow, Dire Straits, Mark Knopfler, Sting, Robert Cray, B.B. King, Buddy Guy, Albert Collins, Carlos Santana, Albert King, John Mayer.

Além disso, não importa o que esse cara grave (I shot the sheriff, Change the World, Wonderful Tonight, Sunshine of your love ...), ele consegue manter seu traço particular em cada canção. Isso não é algo que qualquer músico consiga fazer.

Ainda tem muita gente que diz não entender porque ele é aclamado mundialmente. Não dá pra entender o ser humano mesmo.


R.L.  Burnside


A primeira vez que vi um vídeo desse simpático e humilde senhor (jumper on the line), não pensei em nada. Apenas senti a música. É isso que R.L Burnside faz com seu jeito simples e direto de tocar.

Nesse vídeo inteiro não se ouve em algum momento solos de guitarra sobre pentatônicas e blue-notes, muito menos aqueles bends intermináveis (que diga-se de passagem, são extremamente bonitos no Blues). No entanto, é justamente este estilo simples, em que não é possível separar em momento algum melodia, harmonia e levada rítmica que torna esse legítimo bluesman tão importante para entender mais sobre a essência do blues.

Albert Collins


Mais um texano pra lista. Nascido em Leona, TX, Albert Collins, ou "the iceman", como era apelidado, também conhecido como o mestre da telecaster tinha o hábito de tocar sua guitarra afinada em afinações menores (não me pergunte quais, pois desconheço esta informação) e usar o capotraste na formação do seu estilo de tocar.

Um dos critérios utilizados para encaixar definitivamente seu nome na lista, foi o fato dele ser um dos representantes do "blues de telecaster". Além disso, seu jeito agressivo, enérgico e alto astral de tocar guitarra, associado à sua voz cheia de drive e presença de palco foram o fatores decisivos nesta escolha.

Ainda, cabe mencionar que ele fez muitas participações ao vivo com outros grandes astros do Blues, como B.B King, Eric Clapton e Buddy Guy.

Junior Watson




Bom, enfim, chega o último nome da nossa lista. Acabei descobrindo sobre Junior Watson hoje. Isso mesmo, hoje! Acesse o site oficial para conferir seu material.

Então porque ele foi encaixado na lista? vocês se perguntam.

Bem, primeiramente, não é necessário ficar ouvindo uma discografia inteira de um artista pra saber se vale a pena. Talvez umas 3 ou 4 músicas, porque o que importa é basicamente uma coisa: quais caminhos um guitarrista tomou até desenvolver seu estilo.

Não sei dizer qual caminho Junior Watson tomou, até porque o primeiro contato que tive com seu trabalho foi hoje. Mesmo assim, para identificar um artista de talento não é necessário muito. Basta sentir o que ele toca. E se realmente você se sente bem ouvindo isto, bem, porque elencá-lo em uma lista particular.

Agora você se pergunta: tá bom, mas teve algum critério na escolha?

Bom, apesar do que realmente valeu para Junior Watson ter entrado para a lista ter sido o que ouvi dele, adotei o seguinte critério: um guitarrista que tenha desenvolvido seu trabalho nas últimas 3 décadas e com uma sonoridade original. É muito fácil encontrar grandes guitarristas de blues que iniciaram suas carreiras nos anos 40, se consagraram no cenário mundial do blues e ainda tocam até hoje. B.B King é um exemplo. Também não é difícil encontrar vários artistas que tenham construído suas carreiras sobre o blues nos últimos 30 anos. Mas é difícil encontrar gente fazendo algo original nesse período. Pelo menos essa foi a conclusão que tirei de minhas pesquisas.

CONSIDERAÇÕES

Confesso que depois do 5º nome, essa lista foi ficando cada vez mais difícil de ser fechada. Primeiramente porque os cinco primeiros nomes já eram muito manjados no meu imaginário e talvez no imaginário da maioria dos guitarristas que apreciam blues.

Segundo, eu não queria deixar de fora nem nomes que remetem às origens do Blues, e muito menos nomes que remetem à origem e ao desenvolvimento do Blues elétrico.

Em terceiro lugar, porque ao mesmo tempo eu queria escolher nomes que tivessem algo musicalmente peculiar para oferecer, ou uma contribuição histórica marcante no blues, ou ainda que tivesse muito reconhecimento na colaboração para a difusão cultural desse estilo.

Por último, seria fácil ter encaixado nomes muito consagrados nas história do blues, mas que tenham ligação direta com outro nome da lista. Um exemplo mais direto foi o nome de Muddy Waters, que não se pode negar, contribui historicamente na fase de transição do blues acústico para o blues elétrico, na cena de Chicago.

Nesse pensamento, foi feita a opção de dar luz a algum  guitarrista que representasse uma cena mais atual, apesar de que 3 décadas passadas não é tão atual assim, mas com certeza é um período em que o Blues foi perdendo bastante espaço para outros estilos no mercado fonográfico mundial. Por isto, o espaço para o último nome da lista ficou com Junior Watson.

Tenho certeza de que minha lista receberá críticas. Antes de tudo, gostaria de esclarecer que em nenhum momento o intuito foi de fazer um ranking dos melhores, mas sim de elencar nomes que representem um período, um estilo de tocar blues ou um marco histórico no estilo.

A intenção última, é que a partir de cada nome da lista, meus caros leitores possam fazer a ligação com outros nomes que, digamos assim, trilharam um caminho parecido. Por isso, nomes como Albert King e Freddie King, não foram listados, pois guardam forte semelhança de estilo com o mestre B.B King. A partir de Robert Johnson, é possível chegar a outros nomes como Howlin' Wolf, Muddy Waters entre outros. A partir de SRV, é possível chegar em seu irmão Jimmie Vaughan, na banda double trouble e em outros artistas da mesma época e vibe.

É isso, espero que tenham gostado e que sirva de inspiração para buscarem por outros músicos de blues e aprofundar nesse estilo que é a raiz do rock.


4 comentários:

  1. Gostei muito!!!!! alguns aí em cima são bem RAIZ...Os antigão, deuses da guitarra mas deveria ter tbm Jimi Hendrix, ele é tipo um rock-blues bem psicodélico.... PARABÉNS

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  2. Obrigado. E o finado Jimi não tá na lista mas tem um espaço cativo no coração. He he. Não quis colocar o nome dele porque apesar de o Hendrix sempre ter tocado blues, na minha opinião a grande contribuição dele foi mesmo para o Rock N' Roll.

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  3. Procure Gregor Hilden no Youtube, o cara é um monstro do blues, vocês deviam definitivamente conhece-lo

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  4. Beleza! Todos muito bons!!! Acrescentaria Bryan Lee, Gary Moore, John Mayall e Nuno Mindelis, entre outros!

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