Quando começei a tocar, nunca tive muitas dúvidas a respeito dos modelos de guitarra, até porque, como eu poderia ter dúvidas se eu não tinha noção nenhuma sobre as diferenças entre cada modelo.
Durante meu curto tempo de guitarrista, 12 anos – e considero curto pois 10 anos de guitarra não dá pra aprender quase nada (risos) – eu tive alguns instrumentos e pude fazer várias comparações entre eles. Já tive ou apenas toquei em uns 10 ou mais violões. Em guitarras elétricas já toquei em mais ou menos umas 10 ou mais também.
Enfim, ainda sonho tocar em algumas guitarras em que nunca tive a oportunidade de ter ou tocar. Entre estas posso citar as Music Man, a Fender telecaster americana, a Gibson Les Paul, nenhum modelo das Flying V ou da Gibson Explorer e por mais absurdo que possa parecer, nunca toquei em nenhuma Ibanez, nem mesmo nas mais baratinhas. Mas eu nunca consegui olhar para as Ibanez como uma guitarra que um dia poderia ser “a minha guitarra”.
Eu poderia falar de cada uma das guitarras em que já toquei, mas não é esse meu objetivo nesse post. O que eu vim fazer aqui mesmo foi falar um pouco sobre a impressão que as Stratos e Les Pauls tem me passado ao longo do meu tempo de guitarrista.
As stratocaster
Primeiro preciso deixar uma clara definição do que considero uma guitarra stratocaster. Para os fabricantes e talvez para a maioria dos guitarristas, uma guitarra stratocaster é aquela que possua o modelo de corpo e braço típicos de strato.
No meu conceito, Stratocaster é uma guitarra com configuração de captadores SSS (3 captadores single-coil) ou HSS (Humbucker e 2 single, a chamada Fat Strat), chave seletora de 5 posições e 3 potenciômetros, sendo 01 de volume master e 2 de tone. Deve ter corpo em Alder ou Ash e braço em Maple, com escala em Maple (a chamada “escala clara”) ou Rosewood.
No mais, para ser uma stratocaster, a guitarra tem que ter o “timbre de strato”, que pode ser mais médio ou médio-agudo, porém, tem que ter o som definido e estalado tão comentado no meio guitarrístico.
Eu diria hoje, que acho a strato uma guitarra moderna, apesar do projeto não ter sido criado recentemente. É uma guitarra excelente para tocar blues, country, assim como funk, pop, classic rock e uma infinidade de estilos. Se você optar por uma configuração SSS ela terá a configuração típica de strato, mas não funcionará bem para sons muito agressivos, tipo Deathmetal. Porém, se você utilizar a configuração HSS, pode ter uma guitarra excelente para Metal pesado, e que ao mesmo tempo pode funcionar bem para tocar Blues.
De modo geral, é uma guitarra versátil, muito versátil. O botão de volume fica “colado” na ponte, o que traz muita praticidade para o músico. Pense bem, você está tocando uma base com o knob de volume no 6. Na hora do solo, você pode simplesmente subir o knob para o 10 e ter um ganho extra para o solo, sem precisar de pedal de volume. O seu dedo mínimo da mão que palheta tem acesso muito facilitado ao knob de volume, pois ele fica alinhado bem abaixo do captador da ponte. Muitos guitarristas utilizam essa facilidade para criar efeitos de volume. Só para citar dois, temos o Richie Blackmore e o Eric Johnson. O Malmsteen e o Eduardo Ardanuy (Dr. Sin) também já vi utilizarem esse efeito. Enfim, é um recurso muito prático.
A chave seletora também é fácil de ser acionada durante 6o toque. Isso simplesmente porque a chave seletora fica instalada na região onde a mão direita normalmente se movimenta. Você pode estar tocando um ritmo e simplesmente aproveitar uma palhetada para baixo ou para cima para mudar a posição da chave.
Após eu ter dito tudo isto, alguns de vocês devem estar pensando: poxa, strato é guitarra para tudo quanto é parada. Bem, mais ou menos assim. A strato nunca, mas prestem atenção, nunca oferecerá ao guitarrista um timbre próximo e muito menos igual a uma Les Paul. São projetos totalmente diferentes.
O braço da strato é unido ao corpo através de parafusos e de uma chapa de metal chamada neckplate (o chamado sistemaBolt on), enquanto o das Les Paul são colados ao corpo (sistema Set in). A ponte da strato é tipo tremolo (vintage, two pivots, ou até mesmo versões com Floyd Rose) enquanto a ponte das Les Paul é a tune-o-matic com tailpiece bar ( ou seja, ponte fixa).
Enfim, não precisa falar mais nada. Strato tem som estalado e normalmente oferece uma sonoridade bem peculiar, que é o famoso “quack”. Quem já tocou em uma Fender strato sabe do que estou falando. Mesmo que você instale captadores com alto ganho e equalização voltada para médios e graves, o que você obterá é um timbre pesado de strato. Sem preconceitos, é questão de experimentação mesmo.
Resumindo, acho a strato uma guitarra magnífica e versátil. Inclusive é até hoje o meu modelo number one. Mas se o que eu buscar for um timbre encorpado, ardido, rasgado e com agudos de arestas bem aparadas, eu vou precisar de uma Les Paul.
As tão caras e mitificadas Les Paul
Eu toquei em poucas Les Paul até hoje. Entre elas uma Golden Les Paul, uma Epiphone Special e uma Epiphone Les Paul Standard.
Assim como as Strato, as Les Paul criaram um conceito muito intrínseco em minha mente. Na minha avaliação, uma guitarra Les Paul precisa de muito mais do que o simples design de violão que ela tem. Deve ter corpo em Mogno com tampo de Maple. Sei que existem Les Pauls feitas de Nato, mas por ser uma madeira de família parente do Mogno, acho que dá até pra encarar uma assim, dependerá muito da construção.
Agora, Les Paul feita de Alder, Ash, Basswood, Cedro, Maple, Pau Marfim e etc.. nem vem que não tem jacaré! já não é mais uma Les Paul. O desenho pode até ser cópia idêntica à Gibson Les Paul Standard, mas o projeto original e o timbre que já foi imortalizado provém basicamente do tipo de madeira usado neste modelo, que é o mogno e também da quantidade e qualidade da madeira que tem na guitarra.
Outro item muito específico de uma Les Paul: o braço colado (set in). Les Paul de braço parafusado, como por exemplo as Epiphone Special, tô fora. O mais importante numa Les Paul talvez seja o braço colado, que garante bastante sustain.
Outra característica muito importante: o corpo bem espesso. Les Paul que é Les Paul tem que ter um corpo espesso e, me desculpem os afrescalhados, mas precisa ter o corpo pesado. Não precisa ter o corpo igual um chumbo, mas tem que ser pelo menos um pouco mais pesado do que uma strato convencional. Senão não rola. Les Paul levinha não tem densidade suficiente para manter o som encorpado e o sustain.
Em questão de parte elétrica, não tem o que falar, são dois humbuckers mesmo. Os P-90 até que funcionam bem em Les Pauls, pois não são exatamente um single-coil de strato, mas tem o som bem mais definido do que um humbucker comum. Nem sei defini-los muito bem, mas já vi uma GIBSON SG de um cara com quem toquei numa banda com esses caps e pude notar ao vivo essas características dos P-90.
O braço da Les Paul talvez seja a parte mais complexa da guitarra. É um braço bem “gordo” em comparação com o braço de strato, com escala mais plana do que de stratocaster, que pode ser em ébano (do inglês: ebony) ou em rosewood, mas nunca em maple. Me perdoem os que acham que o braço ou a escala pode ser em maple, acho que deve ficar uma coisa totalmente nonsense.
Particularmente, acho o braço e o corpo das Les Paul menos confortáveis do que os das Strato. Mas isso é muito pessoal, tem quem ache maravilhoso. Eu resumiria a impressão que tive da Les Paul de forma bem simples: timbre de Les Paul não se encontra nem parecido em outras guitarras. Isto a torna uma guitarra muito especial. Se você achar confortável tocar em uma Les Paul, pode ser sua guitarra do coração, pois se depender das características timbrísticas, isso não será muito difícil.
Falei demais! Já chega.
boa!
ResponderExcluirbacana!
ResponderExcluirbleza. mas isso n significa que n posso tocar um rock com uma strato.
ResponderExcluirDe forma alguma, pode-se tocar qualquer estilo com qualquer guitarra. Não vou reler todo o meu post agora, mas pelo que eu me lembre também não falei que não dá pra tocar rock com strato. O Jimi Hendrix por exemplo sempre detonou no rock com sua stratocaster.
ResponderExcluirVeja, jazzistas normalmente utilizam semi acústicas com braço com escala de rosewood ou ébano. Ainda assim, já vi muitos jazzistas utilizando telecasters. Como eu disse, qualquer guitarra pode tocar qualquer estilo. Porém sempre tem as referências, e isso não dá para negar, tanto é que 90% dos guitarristas de rock utilizam LP pra compor o setup. Já no Country pode observar que 90 % vão de telecaster.
O que não dá mesmo (quer dizer, o cara pode tentar se quiser, se a guitarra for dele, ele faz o que quiser) é tocar um estilo extremamente pesado como Death Metal, Trash e outros congêneres com uma strato com configuração SSS. Porque? simplesmente porque a combinação produz uma chiadeira do caramba e ninguém, creio eu, ninguém quer ouvir algo que mais fere os ouvidos do que proporciona diversão.
Por isso quem usa strato para estilos muito pesados utiliza normalmente a configuração HSS, HSH ou simplesmente HH. Você pode começar a observar por si próprio agora e vai entender o que eu estou falando.
Obrigado por comentar.
Por isso tenho as duas !!!
ResponderExcluirTambem tenho as duas
ResponderExcluirE as vezes fico na duvida de qual levar para o show
Então ultimamente tenho usado so a les paul
Ja que instalei dois push pull pra cancelamento de uma bobina de cada captador
Oque tem me agradado na hora dos shows
Ja que especialmente quando aciono o push pull do captador da ponte
Da uma boa semelhança no som de strato...
Porém, stratos e LPs, por mais que sejam utilizados recursos como captadores humbucker em strato, ou single em les paul ou mesmo push pull pra esplitar humbuckers
ResponderExcluirÉ "fato", que até hoje nenhuma consegue fazer oque a outra faz
Pois são projetos diferentes.
E tenho certeza que qualquer uma será uma boa escolha dentro do que você toca...
Concordo.
ExcluirLegal. A Epiphone lespaul sunburd que tenho é muito boa.
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