A principal justificativa para aprender as notas no braço do instrumento é que o músico não fica limitado a shapes de escalas, acordes ou totalmente dependente de recursos de apoio como tablaturas e partituras. Além disso, saber onde se localiza cada nota é de fundamental importância para estudos mais avançados como harmonização e improvisação, entre outros. Mesmo sabendo bem a localização das notas, alguns estudos são muito complexos, por isto você não vai querer que o principal obstáculo seja exatamente algo tão básico como onde fica um Dó ou um Ré.
Existem sem dúvidas vários métodos para decorar a localização das notas no braço de um instrumento de corda. O que eu tentarei fazer aqui é falar um pouco sobre alguns deles, expondo meu ponto de vista sobre possíveis vantagens e limitações de cada um deles.
Para fins de padronização do texto, a referência às notas será feita pelas cifras: C - Dó; D - Ré; E - Mi; F - Fá; G - Sol; A - Lá e B - Si.
MÉTODOS
1. As oitavas
Um método relativamente simples é utilizar as oitavas para aprender a localização das notas. Para aprender assim, basta decorar as notas das cordas 6 e 5 (E e A). A partir delas fica fácil encontrar as notas nas cordas inferiores. Como as cordas 1 e 6 são afinadas ambas em E, as notas que você decorar no mizão* se repetirão na mizinha**. Entre estas duas cordas ocorre o intervalo de 2 oitavas.
Para encontrar as notas nas demais cordas, cada nota que você aprender nas cordas E e A se repetirão 1 oitava acima nas cordas inferiores. Por exemplo, na 3ª casa da corda E (6ª corda) encontra-se a nota G. Basta então tocar 2 cordas abaixo e 2 casas à direita para encontrar a mesma nota uma oitava acima. Ou seja, nota Sol na 3ª casa da corda E e também G na 5ª casa da corda D. O mesmo se repete a partir das notas encontradas na 5ª corda, A.
A partir de então, você já será capaz de encontrar notas em 4 cordas: E, A, D e G. Para encontrar as notas que faltam na 2ª corda, basta aplicar a sobreposição de oitavas a partir das notas que você já domina na 4ª corda. Aqui, apenas uma diferença: da corda D para a corda B a oitava acima encontra-se 3 casas à direita, e não 2 como nas cordas E e A. Então, a partir de uma nota G na 5ª casa da corda D, encontraremos o próximo G na 8ª casa da corda B. O mesmo ocorre entre as cordas G e E.
Veja exemplos abaixo:
Notas 1 oitava acima, a partir da corda E |
Notas 1 oitava acima, a partir da corda A |
Notas 1 oitava acima, a partir das cordas D e G |
1.1 Vantagens
a) ao mesmo tempo podem ser realizadas duas tarefas: decorar notas e shapes de oitava;
b) facilita encontrar notas em outras cordas ao tocar, seja improvisando ou montando acordes e arpejos, etc...
c) não é necessário inicialmente decorar notas em todas as seis cordas. A partir das cordas E e A já é possível encontrar notas por todo o braço do instrumento.
d) oferece uma visão inicial sobre o efeito de repetição de shapes, muito comum em instrumentos de corda.
1.2 Desvantagens
a) como o shape de oitavas muda da corda D para baixo, pode confundir um pouco durante o aprendizado. Exige atenção neste ponto;
b) pode condicionar o músico a "pensar somente em oitavas". Isto pode ser facilmente corrigido com outros estudos como arpejos, montagem de acordes e diferentes tipos de escalas.
c) apesar de contribuir para melhorar a percepção musical, não substitui a importância de outras técnicas como o solfejo ou a prática de tocar escalas usando padrões de intervalos (4ª e 5ª justas, 3ª e 6ª etc...)
Bom, para este post é isso. Em breve postarei outros métodos e algumas considerações a respeito delas.
Continue acompanhando esta postagem: Siga aqui para a parte 2.
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* Mizão: nome popularmente atribuído à 6ª corda do violão ou guitarra elétrica no Brasil.
** Mizinha: nome popularmente atribuído a 1ª corda solta do violão ou guitarra elétrica no Brasil.
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