quarta-feira, 21 de maio de 2014

Decorando as notas no braço do violão ou guitarra: métodos, vantagens e limitações (Parte 1)

Um grande desafio de um iniciante no estudo de guitarra ou violão é aprender/decorar (como queiram) as notas no braço do instrumento. Apesar de não ser uma tarefa extremamente complexa, vários alunos já demonstraram dificuldade em decorar as notas, talvez por falta de disciplina mesmo, talvez por preguiça, ou mesmo por falta de enxergar a importância em queimar esta etapa.


A principal justificativa para aprender as notas no braço do instrumento é que o músico não fica limitado a shapes de escalas, acordes ou totalmente dependente de recursos de apoio como tablaturas e partituras. Além disso, saber onde se localiza cada nota é de fundamental importância para estudos mais avançados como harmonização e improvisação, entre outros. Mesmo sabendo bem a localização das notas, alguns estudos são muito complexos, por isto você não vai querer que o principal obstáculo seja exatamente algo tão básico como onde fica um Dó ou um Ré.

Existem sem dúvidas vários métodos para decorar a localização das notas no braço de um instrumento de corda. O que eu tentarei fazer aqui é falar um pouco sobre alguns deles, expondo meu ponto de vista sobre possíveis vantagens e limitações de cada um deles.

Para fins de padronização do texto, a referência às notas será feita pelas cifras: C - Dó; D - Ré; E - Mi; F - Fá; G - Sol; A - Lá e B - Si.

MÉTODOS

1. As oitavas


Um método relativamente simples é utilizar as oitavas para aprender a localização das notas. Para aprender assim, basta decorar as notas das cordas 6 e 5 (E e A). A partir delas fica fácil encontrar as notas nas cordas inferiores. Como as cordas 1 e 6 são afinadas ambas em E, as notas que você decorar no mizão* se repetirão na mizinha**. Entre estas duas cordas ocorre o intervalo de 2 oitavas.

Para encontrar as notas nas demais cordas, cada nota que você aprender nas cordas E e A se repetirão 1 oitava acima nas cordas inferiores. Por exemplo, na 3ª casa da corda E (6ª corda) encontra-se a nota G. Basta então tocar 2 cordas abaixo e 2 casas à direita para encontrar a mesma nota uma oitava acima. Ou seja, nota Sol na 3ª casa da corda E e também G na 5ª casa da corda D. O mesmo se repete a partir das notas encontradas na 5ª corda, A.

A partir de então, você já será capaz de encontrar notas em 4 cordas: E, A, D e G. Para encontrar as notas que faltam na 2ª corda, basta aplicar a sobreposição de oitavas a partir das notas que você já domina na 4ª corda. Aqui, apenas uma diferença: da corda D para a corda B a oitava acima encontra-se 3 casas à direita, e não 2 como nas cordas E e A. Então, a partir de uma nota G na 5ª casa da corda D, encontraremos o próximo G na 8ª casa da corda B. O mesmo ocorre entre as cordas G e E.

Veja exemplos abaixo:

Notas 1 oitava acima, a partir da corda E

Notas 1 oitava acima, a partir da corda A

Notas 1 oitava acima, a partir das cordas D e G
Há ainda outros shapes interessantes, com saltos de corda mais distantes, que também podem ser utilizados tanto para decorar notas, quanto musicalmente na construção de arpejos e chord melody. É uma variação dos shapes acima que vale a pena ser estudada.




1.1 Vantagens

a) ao mesmo tempo podem ser realizadas duas tarefas: decorar notas e shapes de oitava;
b) facilita encontrar notas em outras cordas ao tocar, seja improvisando ou montando acordes e arpejos, etc...
c) não é necessário inicialmente decorar notas em todas as seis cordas. A partir das cordas E e A já é possível encontrar notas por todo o braço do instrumento.
d) oferece uma visão inicial sobre o efeito de repetição de shapes, muito comum em instrumentos de corda.

1.2 Desvantagens

a) como o shape de oitavas muda da corda D para baixo, pode confundir um pouco durante o aprendizado. Exige atenção neste ponto;
b) pode condicionar o músico a "pensar somente em oitavas". Isto pode ser facilmente corrigido com outros estudos como arpejos, montagem de acordes e diferentes tipos de escalas.
c) apesar de contribuir para melhorar a percepção musical, não substitui a importância de outras técnicas como o solfejo ou a prática de tocar escalas usando padrões de intervalos (4ª e 5ª justas, 3ª e 6ª etc...)

Bom, para este post é isso. Em breve postarei outros métodos e algumas considerações a respeito delas.


Continue acompanhando esta postagem: Siga aqui para a parte 2.


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* Mizão: nome popularmente atribuído à 6ª corda do violão ou guitarra elétrica no Brasil.
** Mizinha: nome popularmente atribuído a 1ª corda solta do violão ou guitarra elétrica no Brasil.

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