quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Customização da minha Fender Mexicana

A primeira pergunta a ser feita antes de uma customização deveria ser: qual o objetivo? Iniciar uma customização sem um objetivo claro é algo que não agrega valor nenhum ao processo e talvez nem mesmo ao produto final.


Assim que comprei minha Fender Mexicana, pensei "esta é uma guitarra que vai valer a pena investir". Não que ela não fosse uma guitarra legal originalmente, mas eu tinha outras expectativas além de uma stratocaster tradicional. Eu sempre gostei de tocar stratocasters por todas as suas características - timbre, pegada do braço, anatomia do corpo, chave seletora de 5 posições, ponte tremolo e também pelo visual, que é um "detalhe" que influencia muito na intimidade entre um guitarrista e seu instrumento, mesmo que muitos digam que não.

Sempre achei esse modelo bem versátil e confortável para o meu jeito de tocar. Mas eu queria um pouco mais da minha strato. Ao mesmo tempo que sempre gostei do som estalado característico das strato, sempre gostei muito também de sons high gain de alguns captadores Dimarzio. Meu objetivo era montar uma guitarra de sonoridade moderna, High Gain, visual também moderno e que me atendesse bem em termos de conforto e versatilidade, de afinação bem estável, mas que ainda preservasse a essência do timbre de strato.

As primeiras perguntas que muitos devem estar se fazendo a esse ponto do texto é: porque não pegou uma Les Paul? e os modelos da Ibanez, com Floyd Rose?

Bom, em resposta a primeira pergunta, é porque apesar de eu gostar muito do timbre e dos conceitos da Les Paul, não é o modelo com o qual eu tenho mais "intimidade", seja pela medida da escala, ou pela anatomia do corpo e shape do braço. Até que para uma segunda guitarra é legal, e eu ainda vou montar a "minha" Les Paul. E a segunda, é porque eu realmente não me identifico com as Ibanez, um pouco pelo visual, mas em maior grau pelo shape do braço, que não me agrada muito. Ademais, é difícil eu gostar de um timbre de Ibanez assim como dos timbres de strato e Les Paul. Definitivamente, aquela combinação de basswood e captações estridentes não me convence.

Antes de começar a falar da customização propriamente, devo dizer que eu particularmente não tenho nenhuma habilidade de lutheria, apesar de ter alguns poucos conhecimentos, e sempre levo minha guitarra para qualquer revisão, modificação ou instalação em um luthier da minha confiança, o que considero fundamental para uma customização surtir bons efeitos, caso contrário a tal customização poderia me causar vários problemas, ou até mesmo detonar de vez com alguma parte da guitarra. Então, caso não tenham conhecimentos e/ou habilidades de luthier, NÃO TENTEM FAZER ISSO EM CASA, KIDS!

Fotos atuais:












Bom, dito isto, que considero de suma importância, vamos ao passo a passo:

1º Instalação de tarraxas com trava

Achei de suma importância, antes de qualquer outra coisa, ter uma guitarra que permanecesse afinada durante um show, mesmo que o timbre não fosse exatamente o que eu esperava. Minha opção, após várias pesquisas, foi pelas tarraxas com trava auto-trim da Planet Waves. Já havia conversado com o Pablo (luthier onde levo a guitarra) e ele havia me falado que essa marca é excelente, tanto em termos de praticidade quanto em durabilidade e eficácia. Realmente, após instaladas tudo o que ele disse se comprovou. Já estou com esse jogo na minha guitarra há mais de dois anos e elas tem segurado a afinação muito bem, inclusive após sucessivos bends e alavancadas.


2º Instalação de um roller nut fender e um captador Seymour Duncan JB Jr na ponte

Detalhe: estes passos foram antes do procedimento de troca do braço. O roller nut realmente ajudou bastante na estabilização da afinação, principalmente após alavancadas, mas ao mesmo tempo potencializou os agudos e deu uma "metalizada" no timbre, o que pode ser perigoso em stratocasters que normalmente timbram mais brilhantes do que as Les Paul. Pra completar, o JB Jr também evidencia os agudos. Em combinação com corpo de alder, braço inteiriço de maple, ponte trêmolo, captadores single coil, braço aparafusado e roller nut, minha guitarra virou uma máquina de agudos. Essas medidas não foram boas escolhas, pois eu precisava de tocar muitas músicas com distorção High Gain. Mas se fosse pra tocar Jeff Beck, blues ou country, então teria ficado perfeito.

3º instalação dos captadores Dimarzio Tone Zone na ponte e Dimarzio The Chopper na posição do braço

Isso foi feito ainda com o braço original (maple 1 piece). Nessa época o JB Jr. foi transferido para a posição do meio, onde se enquadrou até bem, mas meio insosso. Já o Tone Zone e o The Chopper, foram as escolhas perfeitas, já que são humbuckers high gain e quando limpos ainda preservam um pouco da característica "estalada" do timbre strato. Oferecem uma distorção bem "ardida" e encorpada (para os padrões de uma strato com single coils), além de harmônicos destacados e profundos. no entanto...


4º troca do braço

... no entanto, eu sempre tive um sonho, que era de ter um braço com escala em ébano. Na verdade meu sonho era a Les Paul do Randy Rhoads, a Les Paul VOS, na cor creme custom com pickguard preto e escala de ébano. Linda, linda! de timbragem maravilhosa. Também queria um braço com 22 trastes e de preferência de tamanho jumbo. O braço original das Fender México vem com 21 trastes finos (thin profile).

Eis que um dia, nas minhas andanças pelo Mercado Livre, cheio de "GAS", vejo por R$ 600,00 um braço da Mighty Mite em maple birdseye, com escala em ébano, e 22 trastes jumbo. Para quem não sabe, a Mighty Mite, assim como a Warmoth, entre outras, são marcas licensiadas pela Fender para construirem braços no padrão Fender American Standard, que destinados à reposição de braços Fender originais,e  que devem se encaixar perfeitamente em corpos de Fender.






Não pensei duas vezes, acabei arrematando esse braço e levando no luthier para fazer a troca do braço. Lá no atelier já deixei o JB Jr, que ficou como pagamento do serviço de troca do braço e regulagem geral da guitarra. O braço de maple original da guitarra, recentemente vendi pra um guitarrista de Blues, que já queria exatamente um braço de maple.

Detalhes

 Adicionalmente, fiz a troca do escudo original, na cor Mint Green, por um escudo preto de 3 camadas, e a instalação de um pot push-pull para defasagem dos caps, que acabo não usando muito, por falta de necessidade mesmo.


Conclusões

 Primeiramente, gostaria de deixar claro que esse review não foi feito na empolgação, com base apenas em primeiras impressões. Todas essas customizações foram feitas já há algum tempo, algumas há cerca de dois anos, outras mais recentes, há cerca de 1 ano. Como já vi a opinião de um usuário em um fórum, não é muito justo fazer um review ou falar sobre uma customização ainda no calor do momento, no dia seguinte ou na semana seguinte. O ideal é usar o equipamento durante um tempo, experimentá-lo em situações variadas, em casa, no estúdio, em amplificadores de baixa potência, de alta potência, etc..., só assim as opiniões podem ter algum embasamento e critérios mais racionais do que emocionais.

Hoje, tenho a certeza de ter acertado no meu objetivo. Na posição do meio, preferi deixar sem captador nenhum por enquanto, pois enquanto eu não tiver a noção do porque preciso de um captador no meio, melhor não fazer nada só na empolgação. Até já pensei em mandar instalar um Dimarzio Air Norton S, que por sinal, baseado em vídeos na internet e nas próprias especificações no site da Dimarzio, me pareceu bem interessante. Mas talvez eu ainda opte por colocar um Dimarzio Area 58 ou Area 60, que são single coils com timbre bem próximo de Fender, mas (pelo menos na minha opinião), mais encorpados.

No mais, a guitarra ficou bem confortável e equilibrada, (dentro do meu gosto pessoal, que fique bem claro). Alguns puristas vão dizer que strato é Fender American Standard, na configuração SSS, toda original, de preferência plugada em um amp Fender valvulado. Mas o bom da customização é exatamente essa polêmica. O melhor de tudo mesmo é poder ter uma guitarra ideal, mesmo que seja ideal para mim apenas.



Abaixo, alguns samples da guitarra na configuração atual:

Obs.: todos os samplers foram gravados em linha no Nuendo com a guitarra plugada em uma placa ART USB Dual Pre. Foram usados amplificadores virtuais e plugins de impulse responses. A equalização permaneceu sempre em flat (ou seja, graves, médios e agudos com mesmo ganho) para uma resposta mais plana possível dos captadores.


DiMarzio The Tone Zone F-spaced - DP155F _DIRT_Ponte by rcorts

DiMarzio The Chopper - DP184_DIRT_BRAÇO by rcorts

DiMarzio The Chopper VS DiMarzio The Tone Zone CLEAN by rcorts

Um comentário:

Deixe aqui seu comentário, dúvida ou sugestão: